“Meu Deus, faça com que eu aprenda pela observação, e não pelo sofrimento.”
É o que eu peço toda noite antes de cair dura na cama.
Observando ou sofrendo – essas são as duas formas de aprender as muitas lições da vida, já que ninguém vem a passeio.
Poucos são os que observam os perrengues dos outros para tirar alguma lição. Fazemos pouco dos conselhos dos mais velhos com a convicção de que os tempos são outros e, afinal, se conselho fosse mesmo bom, não era dado, mas vendido. Somos otimistas e arriscamos, certos de que “isso nunca vai acontecer comigo”. Assim, aprendemos do jeito mais difícil, nos contratempos de cada dia. E passamos a não mais esquecer a chave depois que ficamos presos do lado de fora, ou de checar o visto americano depois de sermos impedidos de embarcar, ou de darmos mais atenção aqueles que amamos depois de perdermos um ente querido ultimamente negligenciado. O grau de aprendizado é proporcional à magnitude do problema que, quando é apenas uma pequena chateação, precisa acontecer mil vezes até que um dia passamos a sair com antecedência para um compromisso importante, a não deixar a entrega do imposto de renda para o último dia, a abastecer o carro antes de chegar na reserva, e por aí vai. Mas, as grandes lições, a gente aprende no pau, de uma vez, sofrendo na pele. E essas a gente não esquece mais.
Sempre fui protegida ao máximo, certamente por amor, e não sem algum sacrifício dos meus pais que sempre priorizaram o bem-estar da família sobre seu bem-estar pessoal. Por conta disso, deixei de passar muito perrengue, e acabei replicando esse comportamento em meu lar. É natural. Quem quer ver filho triste ou preocupado, podendo minimizar a situação?
Hoje, depois das lições aprendidas com algum sofrimento e muita observação, busco me conter quanto a superproteção. São as vacinas de chateação do dia a dia que nos imunizam e nos fortalecem para enfrentar os grandes problemas. O mundo é competitivo. Ponto. Como um atleta, é bom que estejamos fortes para a competição. Parodiando a historia da lagarta que ao ser ajudada a romper o casulo emerge como uma borboleta incapaz de voar, devemos deixar nossos filhos se debaterem, se fortalecerem, criarem belas e fortes asas para seguirem voando pela vida. O difícil é saber dosar o quanto de sofrimento é instrutivo e o quanto é inútil. Mais difícil, ainda, é não correr em seu auxilio. É observar de perto, sem sermos notados, dando conselhos que, muito provavelmente, entrarão por um ouvido e sairão por outro, oferecendo nossa experiência e nosso exemplo, mas só entrando em ação se realmente necessário.
Haja coração e disciplina. Sem esquecer de rezar.
6 respostas
Putz! Nem me fala!
Tao dificil aprender!!!
Otimo texto!
🙂 🙂 🙂
Parabéns, bom fazer o que gostamos.
Gostei da frase: “Meu Deus, faça com que eu aprenda pela observação, e não pelo sofrimento.”
Deus te abençoe.
Amém!
Muito bom, desabafo que me tocou.
Publicando mais um!