O passarinho e o vidro

Estava tomando café com minha filha de frente para a lagoa que eu amo quando uma maritaca se esborrachou contra o vidro da janela. Foi só um susto porque ela saiu voando, certamente tonta, mas aparentemente bem.

– Tadinha – comentei com a Roberta.

– O vidro, para o passarinho, é como o mundo invisível que nos cerca. Se a gente não aprender a enxergar, a gente se esborracha que nem a maritaca.

– ???

Achei que era demasiada física quântica para um mero café da manhã, mas ao longo do dia fiquei pensando no assunto.

Desde que a Beta enveredou por esse caminho profissional de impulsionar a transformação das pessoas  através do ativismo quântico, imersão para o autoconhecimento, quantum healing e mais um monte de nomes que me deixam confusa quando me perguntam com o que a Roberta trabalha,  eu tenho me informado sobre o assunto e, principalmente, prestado mais atenção à minha volta.

Sim, estamos cercados por coisas que não vemos.

Aprendi com ela que nossos cinco sentidos percebem apenas um pequeno percentual do mundo aparentemente tri-dimensional, que na verdade é muito mais que isso.

Passei a perceber que muitas “coincidências” não são apenas coincidências, mas sim,  sincronicidades que nos guiam para que tomemos determinadas decisões e mudemos nossa rota – ou não.

Intuí que uma alma amargurada pode deflagrar a doença no corpo e que doses diárias de otimismo e bom humor são o melhor remédio.

Entendi, com alívio e alegria, que temos relativo controle sobre a nossa felicidade, dependendo da forma como encaramos tanto as adversidades quanto as grandes vitórias. E quanto mais nos conhecermos maior nossa chance de acertar nas escolhas que fazemos a toda hora – desde comer ou não o bolinho, até a escolha da profissão.

Existem ferramentas para percebermos o mundo invisível de energia que nos cerca , e ainda que os nomes sejam muitos – da conhecida meditação à leitura de aura, passando pelo alinhamento energético, a constelação e a imersão – elas estão aí para serem usadas.

Essa é a diferença entre o passarinho que vai batendo a cabeça sem perceber  o vidro que ele não vê, e o passarinho esperto que, mesmo sem enxergá-lo,  evita entrar pela janela.

Vai que ela está fechada…